domingo, 17 de fevereiro de 2013

Ainda sobre o Landau



Entusiasmado com a publicação das imagens do Landau no blog do Macfuca, o Douglas Miquelof mandou-me um texto no qual conta a experiência dele com carros antigos e um pouco mais das curiosidades a propósito do modelo 1981:

“Estou com este Landau 1981 há quase quatro anos.
Comprei de um senhor que já havia passado dos 75 anos, lá em Campinas.
Foi um achado, pois os filhos estavam preocupados com ele e a esposa, que moravam em uma casa grande em um bom bairro da cidade, com a mobilidade reduzida do casal, segurança e despesas com o imóvel. Resumindo, o casal de idosos comprou um apartamento e venderam a casa.
No novo endereço, eles não conseguiriam guardar o Landau e os outros dois carros de uso.
O Sr. Moezio, antigo proprietário me contou que havia comprado o carro há mais de 20 anos, em São Paulo, e que este já era seu 6° ou 7° carro da linha Galaxie.
Por sua mão já haviam passados modelos “500” (o mais simples da linha) e LTD (uma versão que no começo da fabricação era a mais luxuosa e com o passar do tempo virou intermediária) e Landau (a versão mais luxuosa).
Ele conta que nos últimos 10 anos o carro saía da garagem apenas para pequenas voltas no quarteirão e uma viagem anual de Campinas a Campos de Jordão, no Carnaval.
Ele vendeu o carro a contragosto, após trocar uma casa por apartamento, pois faltava lugar para guardá-lo. Garanti a ele que o carro seria bem cuidado.
E não pense que foi fácil, foram quase dois meses desde a primeira conversa até fecharmos negócio.
O carro é realmente um belo exemplar, tudo funciona, motor redondo e interior intacto.
Meu Landau 1981 é original à álcool, fruto do incentivo do governo no fim da década de 1970.
Entre 1980 e 1983 foram produzidos pouco mais de 1 mil Galaxies, seja 500, LTD ou Landau, movidos à álcool.
A produção total da Ford no Brasil, de 1967 e 1983, foi de pouco mais de 74 mil carros.
Como meu espaço de garagem é limitado e o recurso também, quando fechei o negócio tive que vender, rapidamente, um modelo igual, ano 1980.
O “80”, como chamavam, estava um pouco mais deteriorado e precisaria de um bom investimento para ficar no mesmo patamar. Não foi difícil vendê-lo dois meses depois de anunciá-lo em sites especializados.
Fechei negócio com um comprador de Blumenau e o carro foi de cegonha para o novo dono.
Durante este período, o novo “81” foi para casa e tive de alugar uma garagem no famoso Edificio Minister, ao lado da rádio CBN, para guardar o “80” até negociá-lo.
Os dois carros eram bem parecidos e da mesma cor, azul clássico. A minha família demorou para notar que se tratava de outro modelo. Só minha mãe, muito detalhista, percebeu a diferença nas letras e números da placa, dias depois. Detalhe, eles achavam que eu havia trocado um pelo outro, pois se descobrissem que estava com dois carros deste porte, com certeza não aprovariam.
Gosto muito de carro antigo, mas minha paixão começou por outra linha e marca.
Meu primeiro carro antigo foi um Chevrolet Opala 1971, na cor preta, 4 portas, motor 6 cilindros.
O carro era muito detonado, comprei-o semi-desmontado e terminei de desmanchá-lo em casa.
Assim ficou lá por quase cinco anos.
Vendi o carro no formato “Kit Lego”, o comprador levou o Opalão todo desmontado.
A carroceria seguiu no guincho.
As peças, muitas delas novas ou já recuperadas, que juntei durante os anos para restaurá-lo, eguiram na caçamba de uma picape.
Nestes quase dez anos de aproximação com os carros antigos, aprendi algumas lições, entre elas saber que comprar um carro inteiro, conservado ou reformado dentro dos padrões, sai muito mais barato que comprar um modelo em estado ruim e tentar resgatá-lo.
Além disso, é um prazer mais imediato de poder dirigir, ir aos encontros.
Este mercado de funileiros, lanterneiros, pintura e peças para carros antigos sofreu uma inflação além do normal, pois muitos deixaram a paixão de lado para transformar em negócio.
Pois bem, tentei ser breve em contar um pouco da origem do “81” e as histórias que sucederam à ele. Agora tem muito mais histórias ao volante dele, em encontros, viagens ou até mesmo em passeios pela cidade em um sábado ou domingo de sol”

Douglas Miquelof


Valeu Douglas obrigado pelo seu depoimento e fique a vontade de contar as sobre as suas aventuras com o Landau!

Um comentário:

  1. Landau V8 a álcool é mosca branca de olho azul dando um duplo mortal carpado ao contrário e cantando a música da metralhadora.

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