sexta-feira, 8 de julho de 2011

A Kombi e o Pala


Se tem coisa que me atrai na vida é a curiosa história que as pessoas trazem consigo. Fotografar fuscas e derivados não tem graça nenhuma se por vezes não vem acompanhada do carro com o seu proprietário.
Não me importa muito saber o quão bonito e especial é aquele ou o outro fusca porque para quem tem dinheiro manter ou comprar um fusca estalando passa a ser uma barbada. Porém ter o carro e fazer com que ele faça quase que uma extenção do corpo, um habitat natural, isso é coisa pra quem vive o fusca no dia a dia ou como se diz aqui no Sul. Na lida!
Pois foi na minha última ida a Bagé que de longe avistei a Kombi do seu Dirceu em pleno centro da cidade. Figuraça típica do nosso inteior. Índio velho do campo.
E ali em um caminhada com meu colega Ismael resolvemos nos chegar para indagar sobre os Palas que ele vendia e eu é lógico curioso para perguntar a respeito da Kombi.
Pergunta daqui, preço dali fui fazendo as fotos até chegar no seu Dirceu.
Com sotaque típico do interior seu Dirceu foi me contando um pouco sobre a Kombi e suas andanças. Modelo 76 a Kombi do seu Dirceu é companheira a 15 anos.
Me contou ele que no passado fazia de tudo no motor e desmontava no meio da terra mesmo e que tudo dava certo, só que depois de adquirir uma "Erna de disco" as pernas não ajudavam mais. Uma delas estava meio adormecida e nela passava uma pomada natural puxando de baixo pra cima ( deve existir uma explicação que não falou). Bom da outra perna ele também se queixou e nos disse: essa daqui tá me "CARNERIANDO".
Fiquei com a palavra na cabeça tentando deduzir o que seria tal termo. Falamos mais sobre o motor e ele reclamará que o sujeito que o fez (o motor e lógico porque aqui no sul isso pega muito mal)deixou os "calço solto". Com isso teve de gastar mais 300 conto pra poder rodar. Falou que tava com vazamento no volante mas que ainda pingando anda o "bixinho".
Comentei com ele que tinha um fuca 76 ao qual ele fez ótima referência dizendo que com o fuquinha dava pra tocar uns 120 até São Gabriel e que na sua Kombi uns 100 ele metia. Não tocava mais porque no Kombi não dava pra trocar os "Chiclê". Fiquei pensando comigo será que ele queria dizer "Gicle". Mas tudo bem o que valia mesmo naquele momento era ver o seu Dirceu proseando.
Apertei a mão me despedi mas fiquei com o tal CARNERIANDO na cabeça. O que seria o termo. Caminhamos mais um pouco e comentei com o Ismael: vamos lá perguntar o que afinal significa o referido termo. Atravessamos a rua e seu Dirceu já estava sentado dentro da Kombi trançando a Lã dos Palas e me aproximei.
Seu Dirceu eu e o meu colega somos de Porto Alegre, Capital e o senhor sabe que a gente não conhece os termos daqui. O que seria CARNERIANDO?
Ele abriu um sorriso com os dentes amarelos do palheiro e sorrindo comentou. CANERIANDO a gente diz quando alguém tá te querendo passar a perna, sacanear. Se alguém se aproxima e se entromete na conversa pra tirar sarro. Como ele falava das pernas, referiu que uma já estava dormente e a outra estava lhe "Carneriando".
Mas aaaaah vivendo e aprendendo e cada vez mais eu me apaixono pela forma simples em que o Homem e a máquina desenham as suas histórias.
Não me importa como é o fuca o que vale é saber o que juntos podemos fazer.
Grande figura!

Um comentário:

  1. MAZAAAA TÁ ME CARNERIANDO MACFUCA? HEHEHEHE FIQUEM BEM NA FOTO NÉ? GRANDE FIGURA O SEU DIRCEU, FOI UMA PEQUENA AULA DE VIDA Q TIVEMOS COM ELE. GRANDE PESSOA, GRANDE HISTÓRIA...
    ABRAÇÃO

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